Lembra daquela varanda em que eu estava no Diário de um Louco 1?
Então, daqui onde estou, vejo duas pernas cruzadas; alguém está sentado, ou sentada, naquela poltrona antiga que eu adoro. Ela é forrada com um veludo todo trabalhado preto e tem uma única almofada com capa de crochê colorido. Vou lá ver quem é.
Hahahaha… é Ludovic! Sim, aquele do café, do Diário de um Louco 3. Ele está ali conversando com Humberto.
Humberto é aquele menino que também estava no café esperando alguém. Ele é de Aquário e, claro, ansioso, inquieto, mas muito inteligente.
Ludovic queria saber quem ele esperava no café, mas ele se recusava a dizer. Apenas dizia que era uma pessoa muito importante, que essa pessoa não veio e também não ligou para dizer nada. Completou dizendo que, se não aconteceu, era porque não era para ser.
Nesse momento, lembrei que acredito naquele ditado que diz: “Cavalo encilhado não passa duas vezes”.
Ludovic questionou-me sobre aquelas portas que escrevi no Diário de um Louco 2, perguntando por que eu não mencionei a porta do Fabiano. Respondi que a porta do Fabiano exige muito cuidado. Não é qualquer porta; não estou desmerecendo ninguém, mas uma porta de onde brota criatividade pode ser uma bomba quando se abre. Dali podem sair muitas coisas que, se não soubermos dominar, podem ser uma arma contra nós mesmos.
Sentei-me na sala; já era bem no final da tarde. Conseguia ver o pôr-do-sol pela janela. A chuva que ameaçava cair sumiu. Os dois continuavam o papo, e eu, preso a alguns objetos da sala, nem mais ouvia o que eles conversavam. Nesse momento, olhava para um velho abajur que já não tinha cúpula, era só o pedestal de ferro trabalhado, presente de um professor alemão. Pensava que, mesmo pela metade, ele continuava emanando luz. Que bom que existem algumas pessoas assim, que, independentemente do que aconteça, estão sempre emanando luz. Isso nos alimenta, nos faz crescer.
Voltei a mim quando ouvi Humberto dizer que ele foi atrás, que ele correu atrás do que queria sim e está com a consciência tranquila. Que algum peso, se existir, fique para quem é covarde.
Voltei a mim e disse: “Covarde é quem nem vai à batalha, achando que ela está perdida. Mas quem a enfrenta e sai derrotado é vencedor sim, vencedor também.”
Alguém quer açaí com banana ou um suco de pitanga?
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