Eu já escrevi em textos que, quanto mais eu vivo, mais vejo que sou um santo; afinal, existem pessoas muito mais loucas do que eu. A loka, uma amiga (que vamos preservar o nome verdadeiro dela), fica ouvindo um programa chamado INSÔNIA DA MADRUGADA, em uma rádio local. É um programa no qual as pessoas mandam uma mensagem com suas características e dizendo o que procuram. Gays e lésbicas procuram “pessoas diferentes”; héteros procuram homens ou mulheres. Isso é determinado pela rádio, não fui eu quem disse. Eu queria entender o que tem de diferente em um homem se ele for sair com uma mulher ou com um gay. Vai ser homem, mas, preconceito à parte, cada programa tem suas regras.
Aliás, esse programa é quase um app ao vivo, concordam? A vantagem é que aqui não vai ter vácuo. Usuários de Grindr e afins entenderão. Grindr é um aplicativo de rede social e um serviço de namoro online para homens homossexuais, bissexuais, pessoas trans e pertencentes à comunidade queer. Essa definição é do Google, porque a grande verdade é que lá tem de tudo.
Enfim, no programa da rádio, após o ouvinte ter dito o nome ou codinome e as características da pessoa, a outra que estiver interessada entra em contato com a rádio e esta passa o celular da pessoa. Olha o perigo! As duas se falam e combinam o que querem, como querem e com quem querem.
A loucura está aí: você não sabe quem está do outro lado da linha. Em uma dessas saídas (sim, eu disse “uma dessas”, ela já fez isso duas ou três vezes), em uma das suas ligações, o homem do outro lado disse que trabalhava na construção civil e marcaram perto da casa dela. A loka disse até que roupa estaria usando e foi-se. Andando pela rua, não viu carro algum, mas uma pessoa parada na esquina de bicicleta. Ela achou estranho e feio, disse ela, e seguiu. Aí o cara a abordou: “FULANA”? Oi, eu sou o Sidnei. Ela, muito mais louca do que eu imaginava, olhou bem na cara dele e, para surpresa dela, era um dos pedreiros que estavam trabalhando na obra da casa dela. Ela disse que ficou tão nervosa e sem ação que disse: “Você não serve nem para amizade”. Segunda vez se colocando em perigo.
Nada contra quem tem bicicleta ou tem a profissão de pedreiro, que não deixa de ser uma profissão na área de construção civil, mas esta é a realidade deste tipo de programa e até mesmo de app, onde tudo é baseado no que se diz. E a grande maioria, como esta amiga, imagina ou imaginou um engenheiro, num carro importado e com um maravilhoso sorriso.
É, gente, programa deste tipo e internet são um tiro. Tudo bem que hoje os apps têm como mandar foto, mas outra coisa que está um absurdo são as pessoas usando IA para suas fotos. Você pode “dormir com a Cinderela e acordar com a abóbora”.
P.S. Em tempo, no segundo telefonema dela, um outro cara disse que não poderia encontrá-la, porque, há duas semanas, tinha assaltado uma concessionária e estava no presídio de segurança máxima, mas era para ela ir visitá-lo e levar uma foto. Dá para acreditar?
Não “neles”, mas nesta inconsequente, minha amiga, que fica sem sono ligando para esses programas.
Pessoas, isso pode ser muito perigoso. Todo cuidado é pouco. Vai aí um alerta aos frequentadores da trilha, do parque, de apps e outras mil opções que hoje existem. Adrenalina dá tesão? Dá, sim, não vou negar, e não sou santo, mas é perigoso.
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