#NOMEUCONSULTÓRIO 9 – DO MEU JEITO

 

E há quem diga que eu não seja psicólogo. Vocês acreditam?
Pois é… nem eu.

O consultório, QUE NÃO É UM CONSULTÓRIO, hoje está meio nebuloso, sombrio. Algumas rosas vermelhas no canto são iluminadas por uma réstia de sol que entra. Melancolia, talvez.

Depois de alguns textos, algumas pessoas vieram até mim. Vieram pelo inbox falar sobre o assunto, e o ponto central da conversa era o mesmo: se assumir.
Quem sou eu para explicar isso? Ou para dar uma fórmula que nem sequer existe? O máximo que posso fazer é ouvir e relatar a minha experiência, que, segundo muitos amigos, não é padrão no meio gay. Mas enfim, é o que tenho feito.

Dói, por dentro, perceber – mesmo que online – que essas pessoas sofrem. Elas acabam procurando algo para culpar por serem quem são. Mas o mundo não deveria ser assim. E o pior: esse sofrimento tem, sim, uma grande culpada – a sociedade e seu preconceito.

Homens no auge dos seus 50 e poucos anos, vivendo frustrados por não poderem ser e viver o que realmente sentem. Achando que os filhos vão deixar de amá-los. Que a família e os amigos vão abandoná-los. Em um caso, a mulher sabia, mas não abria mão do casamento. Egoísmo? Posse? Vergonha? Como vou saber o que se passa na cabeça de cada um?

Mas, pior que isso, é a esposa saber que o marido tem desejo por outro homem e fingir demência, dizendo que não dá a separação. Não entendo. Não seria melhor cada um seguir o seu caminho e ser feliz?

Enfim… aquele choque do consultório hoje está bem mais lento. Sei que não é sofrimento meu, mas me comovi com duas histórias em especial. Pensando nisso tudo, só tenho a agradecer a Deus pelas pessoas maravilhosas que Ele colocou na minha vida, porque eu não passei por isso. Convivo muito bem com minha ex, meus filhos, minha família e meus amigos. Tudo aquilo em que sempre acreditei se mostrou verdade!

Acreditei em uma ex-esposa que me aceitaria, sim, afinal essa é a minha vida.
Acreditei em filhos que não deixariam de me amar por eu sentir afeto por outro homem – e assim eles são: perfeitos.
Acreditei em uma família que não faz a mínima diferença comigo ou com quem eu esteja.
Acreditei nos meus amigos, que, após 40 e poucos anos de convivência, continuam os mesmos.

Todas essas pessoas me veem apenas como o Hugo, ou como o Salum. Não como “sexo”.

Pensando nisso tudo, eu me pergunto e te pergunto:
Você tem certeza de que tudo o que você fez foi do seu jeito?

Eu acho que não fiz tudo, mas tenho me esforçado para que a grande maioria seja feita do meu jeito.

Talvez nossos pais olhem e digam: “Vai dar errado.”
Mas precisamos dos nossos tombos, das nossas escolhas, das nossas certezas, das nossas cicatrizes. Precisamos chegar ao fim e ter a certeza de que, mesmo do nosso jeito, conseguimos.

Quando eu olhar para trás, quero ver muita coisa que vivi e me permiti viver. Sei que algumas estarão manchadas, escuras, mas as brilhantes, claras e leves serão a maioria. Quando eu olhar para meu corpo e meu coração, vou enxergar muitas, mas muitas cicatrizes.

E não importa quem as deixou.
O que importa é que eu não desisti.
Eu segui em frente, muitas vezes sangrando, magoado, ofendido e triste. Sozinho, às vezes.

Mas eu segui. Do meu jeito.

Viu? E ainda dizem por aí que eu não sou psicólogo!

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