Cheguei tarde em casa; afinal, por curiosidade, passei no velório da Buceta Bela. Tão linda e jovem, quase uma virgem, repousava em um caixão simples, todo forrado com margaridas.
Enfim, a Buceta descansa, dizia uma prima. Não questionei a causa da morte, apenas cumprimentei algumas pessoas do lugarejo, que conheço por estar sempre por aqui, e parti de volta à minha casa.
Na subida da serra, a neblina já era densa; era quase fim de tarde, o sol estava frio.
Ao chegar em casa, percebi que uma janela estava aberta. Estranhei, mas fui entrando. Ouvi barulho no banheiro e perguntei:
— Quem está aí?
— Sou eu, o Dedé, me responderam.
Entrei porta adentro e exclamei:
— Ah, seu bosta, até que enfim você veio! Que milagre é esse? Virou fugitivo e veio se esconder aqui? Hahahaha…
— Precisava tirar uns dias para descansar e resolvi aceitar o seu convite. Lembrei que tinha me dito onde estariam as chaves. Entrei e me abanquei, disse ele.
Fiz um macarrão rápido para poder jantar e conversar.
Vinho, pão fresco, massa e um bom papo.
Já enterraram a Buceta. As mulheres e homens choram a partida da Buceta.
O dia amanhece e a noite foi muito boa, como há muito tempo não tinha.
Dormir junto é sempre bom.
Suco de laranja?
Queijo?
Leite?
Café?
Pão?
Cavalgar sempre faz bem, e as atualizações a mil, entre perguntas, respostas, indagações e acertos, entre declarações, mal-entendidos, esclarecimentos e chances. Entre planos, vontades, desejos e anseios.
Controle do meu eu e do seu.
Decisões que não se sabe o final.
Tudo vai voltar ao normal?
Tchau, volte sempre. Sabe que a casa é sua, sempre.
Tchau, obrigado pelos dias maravilhosos.
A família ainda sente falta da Buceta.
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