Sim, eu estou lá de novo. É onde todo solteiro cai, mas, às vezes, aquilo é uma grande merda. Como disse no texto: “entrevista para fazer sexo”.
Nossa, é uma dificuldade ali para sair e fazer sexo, é cada c* de 18 quilates que precisa preencher uma ficha para ver se consegue algo. Já em cidades maiores as pessoas usam como deve ser usado: com fotos, dizendo o que querem e fazendo o que querem.
Mas a questão hoje é mais sobre a foto do app, ou as fotos do app.
Tive a experiência na pele de como uma foto pode ser vista de maneira totalmente distorcida. Sim, sim, e calma que já vou contar.
Cheguei em casa (SP) e até entrei no app. Aliás, até dispensei um “urso” lindo, bem do jeito que gosto dizendo que estava preso no trânsito — isso por pura preguiça, sim, mas não fiquei enrolando.
Logo após isso, no WhatsApp, uma pessoa que eu não conhecia pessoalmente, mas com quem temos um amigo em comum, me chamou e perguntou o que eu estava fazendo e se queria encontrar para se conhecer e bater papo. Eu juro que não passou nada na minha cabeça, desta vez eu juro.
Ele mandou o endereço, e era uma caminhada de 30 minutos — mesma distância do “urso” que eu dispensei. Fui ao encontro do amigo, pensando que a caminhada poderia ser pra toca do “urso” (tipo um ursão mesmo, barbudão, peludão, grandão), bom pra quem não sabia o que era um “urso” já entendeu, ao invés de encontrar um novo amigo. Mas a ressaca sexual e de vinho estava demais, e fui.
Chegando lá, fui muito bem recebido. Ele é super educado, igual ao amigo em comum. Divertido, papo ótimo. Ficamos sentados conversando, e, logo ao chegar, pensei: fico aqui uma hora e vou pra casa ver se o barbudão ainda está por lá.
O papo rendeu, e, quando vi, eram 22h43. Pulei e disse que precisava ir embora. Ele, todo gentil, se ofereceu para me levar. Fomos, e não adianta ficarem imaginando coisa: não aconteceu nada. Ele me deixou na porta do prédio, nos despedimos, e ele se foi.
Subi e, claro, abri o app. E aí é que o bicho pegou.
Ao invés do barbudão pareceu uma foto de um biotipo que nem é do que eu sempre procuro ou saio, mas a foto me chamou atenção.
Já mandei um “Oi, tudo bem?”. Ah, e ele estava a 153 metros de mim. Para um preguiçoso, super vantajoso estar perto.
Ele respondeu logo. Eu já perguntei o que ele procurava — como se alguém um dia fosse dizer algo diferente de: “sexo”, “curtir” ou “vendo o que rola”. Eu disse “rola” e não “rola” (fonema: rôla). Se bem que tem uns que dizem, sim, que estão procurando rola, pau, pênis, vara, cacete…
Enfim, esses mil nomes que o pau tem. Ah, fugindo um pouco, já estou escrevendo sobre os nomes que o pau tem.
Mas o cara da foto… Ah, peraí, tô falando com ele. Ele me disse que o alter ego dele é Ricardo. Então, chamaremos ele de Ricardo — se bem que no nome Ricardo tem o nome dele. Kkkkkkkk.
Ele respondeu: “Aberto a possibilidades”. Eu disse que também. Nessas horas, é melhor seguir o curso que a água leva. Ele pediu foto. Eu mandei imediatamente, e, ao mesmo tempo, pensava que o cara da foto não tinha nada a ver com meus gostos ou preferências. Era um cara magro e gostoso, não tenho nada contra os magros. E, de magro, chega eu. Eu sou magro e com uma pancinha.
Quando mandei a foto, ele respondeu: “Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”.
Vocês sabem o que significa “kkkkk” neste caso, né? O cara sabe quem sou eu. PUTA QUE PARIU, em São Paulo eu cruzo com um conhecido?
Eu fingi estar controlado e mandei: “??? Não entendi” (mas eu entendi, sim).
Ele disse: “Você não reconheceu pela foto?” Putz, daí fiquei pior ainda, pois, com essa pergunta, eu deveria saber então quem era.
Eu disse: “Sinceramente, não. Quem é? Estamos perto.”
Daí dei um zoom na foto e vi uma tatuagem no braço que eu conhecia. Foi então que percebi que a merda estava feita, ou não
Era o Ricardo. Mas, na foto, não parecia, pois estava com o cabelo solto, e, na casa dele, estava preso. Como a foto estava de perfil, não dava para ver os olhos verdes. E a foto, tirada no fim da tarde, não mostrava os cachos loiros. Sim, ele parece o anjinho da Turma da Mônica, mas com cachos mais compridos e olhos verdes.
Eu disse: “RICARDO? Nunca imaginei. Pois apareceu a 153 metros.”
Ele disse que tinha saído dali, encontrado amigos na esquina e parado por lá. Foi o tempo de eu subir e entrar no app.
Enfim, pedi desculpas e ainda disse: “Vou pra cama porque não vai rolar nada aqui. Dorme bem.”
Claro que o meu pensamento, a essa hora, já era outro. Mas, se fiquei três horas na casa do cara e ele não fez nada, eu é que não vou atacar ele aqui no app.
Ele disse que não achou que fosse meu perfil. Eu respondi que, sem foto, é difícil mesmo, dei tchau, e num impulso de tesão mesmo mandei meu álbum proibido para menores, rsrsrs, não ia perder essa chance. Logo fui retribuído.
Quando vi aquela bunda branca e peluda, eu disse na lata: “Putz, isso me dá muito tesão.” A resposta dele: “Quer voltar aqui?”
É claro que eu fui. Quando cheguei, ele disse: “Bem-vindo, cara do Grindr.” Pois, agora, não era mais o amigo do amigo. E ainda teve a audácia de dizer que estava afim, mas, como fiquei lá o tempo todo e não sinalizei nada, ele sossegou.
Minha mãe me ensinou que temos que ser educados. Como eu, sendo visita, ia chegar e pedir algo pro dono da casa? Ele quem tinha que oferecer.
O sexo rolou solto. Aliás, bem solto. Sim, ele é magro, mas aprendi que tesão e química superam as preferências.
As preliminares rolaram por muito tempo, com direito a um cochilo e banho juntos entre uma e outra. E, quando saí do banheiro, a cama estava pronta para dois.
Fui embora? Claro que não. Dormir de conchinha foi melhor ainda. Chovendo e friozinho, perfeito.
Conversando com ele depois, ele disse que também tem preferência por ursos e que minha foto no perfil parecia que eu tinha uma barriga que, no real, não existe. Não sei se fiquei feliz por ele achar que eu era urso e topar ou por saber que minha barriga está menor do que eu vejo.
Enfim, eu me enganei com a foto dele e me permiti um magro (gostoso, diga-se de passagem). Ele achou que ia sair com um urso e acabou cedendo ao outro magro nem tão peludo.
O que interessa é que nos permitimos. E, aqui entre nós, foi muito bom.
Cheguei em casa com pau assado e ainda tomei uma bronca da minha amiga, que me disse para sossegar, passar uma pomada e ficar em casa.
Eu sempre digo: PERMITA-SE, e ao final você terá bem poucos “se tivesse feito” para se arrepender.
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