#NOMEUCONSULTORIO 27 – O MUNDO DE ALICE

 

 

 

 

E há quem diga que eu não seja psicólogo. Vocês acreditam?
Pois é, nem eu.

O mundo de Alice caiu. Sim, na verdade, ela nem sabe muito bem em que mundo está. Está passando por uma nova fase. Alice vem renascendo, e acho que desaprendeu muito do que sabia ou está simplesmente revendo seus valores.

Alice vem tropeçando, hora após hora, em desilusões. Talvez desilusões com o ser humano.

Ao mesmo tempo em que a pessoa quer conhecê-la, quer se aproximar, está dando tiro para todo lado. Ou seja, não é só ela que ele quer conhecer; ele quer conhecer quem cair primeiro na rede. E Alice? Se predispõe a conhecer um de cada vez.

Está na hora de ela virar o Chapeleiro Maluco ou o Gato. Pelo menos esses dois são mais astutos, desprendidos de compromissos e, como diríamos hoje, mais ligeiros, mais espertos. Pois, no mundo de hoje, ser Alice é ser idiota. Ou não?

Está certo que não podemos generalizar, mas… Alice, em três meses, digamos que teve três experiências um tanto traumáticas. Eu acho que nem tanto, mas, se o sentimento é dela, ela decide.

Primeiro, uma bem traumática. Essa eu concordo. Digamos que no mundo hétero eles também existem. Ela teve um hétero truqueiro. Nunca ouviu isso? Mas “bicha truqueira”, já, né?

Foi alguém que passou pela vida dela feito furacão. Ela se entregou e ele… detonou tudo: sentimentos, estabilidade e também a conta corrente dela. Coitada. Meio que recuperada disso, os amigos disseram que ela não poderia se privar de conhecer novas pessoas, que isso acontece e iria passar.

Lá foi ela e começou a teclar com um cara. Nossa, a proposta da pessoa era perfeita: um príncipe! Iam até morar fora do país. Mas, assim que uma grande amiga dela plantou uma pulga atrás da sua orelha, criaram um perfil fake e… o príncipe virou sapo. As mesmas promessas e juras de amor foram feitas ao perfil fake.

Lá foi Alice novamente. Conheceu outra pessoa, e as conversas começaram a evoluir para um possível encontro. A pessoa já queria conhecê-la pessoalmente. Porém, entre os 4.345 amigos de Alice nas redes sociais, ele também marcou um café com a melhor amiga dela. Afinal, qual era a dele? Se divertir ou atirar para todo lado e pegar a primeira pomba que caísse?

E a terceira experiência? Mais uma vez ela se prontificou a conversar, até que a pessoa sumiu. Conclusão: já estava de namorada nova.

Alice, seja mais o Gato ou o Chapeleiro.

Por que escutamos tanto as pessoas dizerem: “Ninguém quer nada sério”? Sim, isso já ultrapassou as barreiras do mundo gay e está em todas as rodas. Escuto muito isso. A pessoa começa a conversar com você, diz que está solteiro porque “nesse mundo ninguém quer mais nada sério”, mas ele próprio nem se leva a sério! Não é sério nem comprometido nem com os próprios sentimentos.

Como diria Duda, é como o Teorema de Pitágoras. Não entendeu? Google. Mas, a grosso modo, seria mais ou menos assim: o cara diz que, em determinado bar, servem uma cerveja ruim e que lá só vai gente ruim, mas ele não sai do bar. Ou seja…?

Gente, a questão é a seguinte: ainda existem muitas Alices, sim, que acreditam no “um por vez”, que acham que as coisas podem ser como nos antigos flertes. Mas o mundo digital diminuiu essa distância. As pessoas se conectam com o mundo todo. Concordo que quem dá tiro para todo lado não quer nada sério ou pode dar um tiro no próprio pé. Vamos lá, sejamos francos. Afinal, o lance é: o tiro acertou? Catou?

Já quando você desenvolve uma conversa, se falam todos os dias, vai se criando uma cumplicidade, um sentimento, um certo compromisso. Existem os que fazem isso apenas para satisfazer o próprio ego, e outros que querem apenas um corpo ou uma boca. Seja qual for o caso, não tem problema. As Alices que ainda acreditam que existe gente querendo algo sério são raras, mas existem.

Agora, se você, homem ou mulher, hétero ou não, é de outro tipo que não seja Alice, não fique por aí dizendo que ninguém quer nada sério. O mundo virtual é uma ervilha, e as pessoas acabam sabendo quem é quem nesse balaio. E fica feio.

Aos que querem só mais um: sejam ao menos sinceros. “Olha, estou te conhecendo, mas estou aberto a outras pessoas.”
Aos que estão conhecendo alguém e querem avançar nessa relação: cuidem para, no meio dos 4.345 amigos, não chamarem para tomar café justamente a melhor amiga dessa pessoa.

E aos que são Alices: não se desesperem. Eu também sou. E acredito, sim, que ainda existe gente que quer algo sério. Mas, sinceramente, ando pensando em ser o Gato.

Alice, Alice, venha cá. Alice saiu. Dez minutos, vinte, trinta… e ela volta, pega sua bolsa e sai apenas dizendo que recebeu o melhor sexo oral da sua vida. De quem? Do Gato, acho eu.

Ela ainda tem jeito.

Viu? E dizem por aí que eu não sou psicólogo!

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