E há quem diga que eu não sou psicólogo, vocês acreditam?
Pois é, nem eu.
Com uma cara muito pensativa, Álvaro pergunta com sua voz suave: “Quem sou eu? Toda forma de amar? Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou?”
Álvaro, essas perguntas, talvez, por mais que tenhamos respostas, sempre nos deixam com um vago, com uma grande interrogação, para podermos questionar sobre muitos outros “quens”.
Ele insiste e agora lança ao ar: “Como sou?”
Esta sim, talvez, seja uma das perguntas mais complexas já feitas. Afinal, existe uma regra de como ser ou somos seres únicos, feitos à imagem e semelhança DELE?
O “como sou” tem transformado as pessoas, gerado muitos conflitos, dores, surpresas, mas também uma nova descoberta na forma de amar.
Sem menosprezar quem quer que seja, somos diferentes, e, quando nos perguntamos quem somos ou como somos, podemos descobrir muitas coisas, podemos descobrir muitos sentidos, muitos valores e muitos pré-conceitos. Sim, o bom e velho pré-conceito, e estou falando dele conosco mesmos, sem citar o dos outros.
Quando se descobre como se é, muitos descobrem que sentimentos não têm sexo, que podemos sentir por um homem o mesmo que sentimos por uma mulher e vice-versa. Isso é complicado no começo, cria-se muitos atritos, geram-se inúmeros “porquês”, mas, com muitas cicatrizes, conseguimos responder.
E aí, depois de ter a resposta, vem o enfrentar, o se impor, claro, tudo isso de uma maneira sociável.
Descobrimos que podemos ser mulher ou homem, que podemos amar um homem ou amar uma mulher, ou até amar apenas a si mesmo, que podemos ter ciúmes, preocupações, cuidados, que pensamos nos problemas dele(a) e nos nossos, que o(a) queremos sempre junto conosco e com nossas famílias, que queremos constituir uma família com ele(a) e usufruir de todos os direitos dos seres humanos. Afinal, somos também seres humanos.
Descobrimos que estar junto daquela pessoa nos faz um bem incrível, que temos atração por ele(a), excitação… sim, como qualquer ser humano, como qualquer animal.
Aos olhos dos outros, talvez tudo isso seja rotulado como safadeza, sem-vergonhice, falta de surra e muitos outros adjetivos que já foram dados.
Mas, do outro lado, tem dois seres humanos, iguaizinhos a você, formados de água, pele, sangue, ossos, cérebro e um coração cheio de sentimentos, iguais aos seus.
Tem um ser humano que, às vezes, por não entender isso tudo, se culpa e se pergunta: “Por que comigo?” Quando não tira a própria vida achando que não é normal.
Só quem vive este outro lado sabe das dores, das angústias, das feridas, da descoberta de que podemos ter sentimentos assexuados, que os nossos sentimentos estão incrustados em nossa alma e não em nossos órgãos reprodutores.
Até isso ficar bem claro e bem aceito na cabeça de cada um é uma longa jornada. Jornada que já tirou várias vidas por falta de apoio, carinho, entendimento e diálogo.
Hoje, podemos dizer que as coisas estão mais fáceis, que temos mais apoio, que as pessoas entendem mais, afinal, estamos em um mundo onde somos “livres” (entre aspas) para viver e sentir o que queremos e com quem quisermos. Hoje estamos nos igualando a apenas seres humanos e nada mais que isso.
O que cada um faz com seu sentimento, com seu corpo, é problema de cada um, e isso não me torna mais ou menos homem que você, você ou você.
Não é um pênis que vai determinar a minha masculinidade. Não é um pênis que vai definir se sou homem, mulher ou anjo.
O que define cada pessoa é a sua cabeça, a sua conduta, o seu caráter.
Estamos de volta neste mundo para evoluir, e evolução significa entender, aceitar, respeitar e conviver. Estamos nos subdividindo em muitos grupos pelo mundo todo, e cada grupo tem a sua característica única, da forma de como ser e de como viver.
Por que não respeitar isso de uma forma simples e humana?
Sou como sou, faço o que faço, e da mesma forma respeito você da forma como você é, e da forma que você escolheu ser ou fazer. Então, qual o problema em também me respeitar?
O ser humano é uma criatura tão bela em seu todo, tão simples, mas insistimos em criar confusões e atritos para a nossa convivência.
A minha liberdade vai até onde começa a sua. O que seria do preto se todos gostassem do branco?
Estamos caminhando para a evolução sempre, e, nesse caminho, precisamos nos permitir provar o novo e decidir se queremos ou não, e, acima de tudo, respeitar a escolha de cada um.
Viu, e dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!
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