E há quem diga que eu não seja psicólogo. Vocês acreditam?
Pois é, nem eu.
Cancelei todas as “consultas” e marquei uma comigo mesmo. Sim, estamos sempre deixando de nos olhar a fundo. Sim, eu também tenho o meu lado louco, o meu lado inseguro, enfim, o meu lado frágil.
Já me disseram que eu sofro da síndrome da casca grossa.
Engana-se quem acha que é por falta de educação — não é não. É literalmente daquelas cascas que aguentam tudo: mandam machado, mandam foice e, se duvidar, até motosserra. Demora, mas uma hora ela cede e mostra aquela parte frágil que necessita de cuidados. A seiva. Pois é… sou eu hoje.
Não pense que é fácil escrever isso. Não por orgulho, mas porque pessoas assim não admitem serem fracas ou frágeis — e isso é um grande erro. Somos todos humanos: erramos, nos machucamos, somos enganados, nos vemos em becos sem saída. E isso faz parte de tudo e todos.
É muito engraçado como alguns fatos nos deixam mais vulneráveis, até um pouco paralisados — feito barata tonta que não sabe o que fazer ou para onde ir.
Um pouco como Martnália canta:
“Prefiro andar sozinha como sou
Andar de madrugada feito traça
Feito barata
Feito cupim
Dizer pra mim que eu gosto mais de mim
Que eu sou assim, e não tem jeito…”
Aí, uma música que mais é uma declaração de amor chega, e você se entrega.
O que será tudo isso? Provas? E o que fazer?
Não somos rocha. Podemos até parecer ser, ou nos disfarçar — e olha que muitas vezes isso funciona. Mas até uma rocha tem uma fenda onde entra um pouco de água e ar e, com o tempo, vai desgastando. E chega uma hora… que ela racha.
Não vejo problema em rachar. Acho problema não saber para onde essas duas partes vão. Você não sabe se segura uma ou outra. Qual delas deixar rolar? Qual delas segurar? As duas? Nenhuma?
Disseram-me hoje: Nem a lua eu quero, quero asas para voar bem distante e nunca mais estar pensando em você.
Sabe o que eu respondi?
“Por que abrir mão da lua se podemos ter asas e voar até ela?
Queira sempre voar muito mais além.
Além de uma cabana.
Além do rio.
Não fique longe de mim.
Estar longe é um tempo.
Ficar é uma escolha.
Não fique longe do meu olhar… do meu sorriso.
Não fique triste.
E queira sempre… sempre pensar em mim.
Deixa-me aquecer a tua pele e, contigo, olhar as estrelas.
Assim, teremos todo o tempo do mundo.
Teremos muitos invernos, veremos muitas folhas caírem, muitos sóis se porem.
Não deixe de querer a lua.
Não me deixe não te procurar.
Não vá embora!
Se você estiver sem mim… não descanse.
Procure-me, me queira e me tenha.
Não queira apenas um momento — queira todos.
E só assim terei pra você todo o tempo do mundo.
Queira sempre a lua e muito mais.
Queira o meu olhar, o meu sorriso, o meu eu pra você.”*
É por isso que eu amo escrever. Porque mesmo com a casca descoberta, vulnerável, ou como uma rocha partida em duas partes, as minhas emoções estão aqui. Afloram e se desmancham, se expõem sem medo, sem vergonha, plenamente.
Plenamente Hugo Salum.
Viu? E dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!
Política de Privacidade.