E há quem diga que eu não seja psicólogo. Vocês acreditam?
Pois é, nem eu.
Até onde o amor vale a pena?
Hoje atendi Lola. Ouvir ela é sempre entusiasmante. Ela tem as suas loucuras, loucuras que nunca vi tão sãs. Assim é Lola.
Entra meio afobada e um tanto angustiada.
— “Eu já estou cansada de amar, amar e não ser amada”, diz.
— “E quem te disse que você não é amada?”, questiono.
— “Se fosse, estaria só?”, pergunta ela.
Lola, eu fico pensando: até onde? Até onde o amor pode suportar? Até onde o amor aguenta abrir mão? Até onde as mudanças são necessárias? Ou os que dizem: “Eu sou assim, se quer quer, se não quer tem quem queira”, é que estão certos?
As separações não acontecem por acaso. Ainda ontem disse isso à minha metade.
O amor nunca morre de causas naturais. Ele morre porque as pessoas não sabem reabastecer a sua fonte. Porque é tão complicado ter paciência e conversar?
Será o amor dominador destas impulsividades? O ciúme? As inseguranças?
O amor morre de cegueira, de erros, traições e orgulho. Morre por causa de feridas, mágoas e ausência, por ausência física e emocional, por ausência de perdão. Morre de solidão, infidelidade, atrofia. Morre de fome de carinho e de tristeza, morre por desleixo.
Amar parece tão fácil. As pessoas acham que vai ser leve, gostoso e que só viverão momentos felizes.
Se ama de verdade, porque é tão fácil dizer que vai desistir? O amor morre pela falta de diálogo, pelo não cumprimento de promessas e pela falta de disposição de resolver os conflitos.
O amor morre de desgosto quando se vê trocado por coisas ou pessoas. Ao perder a importância e não mais ser honrado. Morre quando abandona o carinho e cultiva a cólera, morre quando prefere a companhia de estranhos.
Amar é complicado, é doloroso, chega a ser cansativo. Muitos acreditam em tudo isso sim, já viveram e sentiram.
Mas acima de tudo, acreditam que tudo isso pode sim ser diferente. Acreditam no amor, e sabem que pode ser diferente. Basta querer.
Querer do fundo do coração e ter força de vontade para dominar todos os pontos negativos e fazer com que os positivos prevaleçam. Basta querer. Mas querer significa abrir mão de algumas coisas, e somos tão carentes, orgulhosos e vaidosos que às vezes preferimos ficar com eles ao amor.
Aí, pensamos: até onde? Até onde vamos levar essa ideia de que existem outros amores, outras pessoas que podem ser iguais a nós e nos fazer felizes?
Já ouvi dizer que os opostos se atraem. Prefiro ficar com a seguinte frase: OS “DISPOSTOS” SE ATRAEM.
Afinal, quando as pessoas escolhem um amor, têm que estarem dispostas a tudo por ele. Senão, que valor ele terá?
Aí, pensamos: até onde? Até onde o amor suportar.
Até onde entender que vaidade e orgulho não vão ser companheiros, não vão dar colo e carinho, não vão sentir o calor do beijo e muito menos os desejos.
O amor vale a pena, desde que você se predispõe a isso, livre de amarras e orgulho.
Você com certeza foi amada, Lola. Mas aceitou esse amor? Deixou-o chegar até você? Realmente recebeu ele de braços abertos?
Viu, e dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!
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