A VIDA COMO ELA É, OU COMO ACHAMOS QUE SEJA – SUAS COMPRAS PODEM TE DENUNCIAR

 

 

Uma tarde de domingo. Café sempre é uma boa opção.
Sentado, tomando café e observando o mundo correr seu curso. Mas quando esse café é dentro de um hipermercado, a coisa fica bem mais interessante.

Observa-se o mundo dos outros e vai-se tirando mil e uma conclusões — algumas até absurdas, mas todas com um certo sentido. Se é que a vida, a dos outros, tem sentido para quem a observa.

Primeiro, aquele tiozão do fim de semana. Característica clara pelo seu estilo: todo de bermudão xadrez, camiseta preta gola V, mas pecou grande na “Leila” (a barriga) e na meia preta com tênis. Tava na cara, pelas suas compras e comportamento, que aquele tinha saído recentemente de uma separação. E aí, o tradicional e rotineiro Faustão dos fins de semana casado dá direito às compras no fim da tarde no hipermercado. Afinal, quem não é visto não é lembrado.

Dali a pouco, chega ao caixa aquele gordo feliz. Não pensem que sou contra os gordos — sou contra os infelizes. E aquele, pelas compras e sua cara feliz, estava na cara que ele quer que o mundo se foda — ou melhor, que acabe em Coca-Cola e bolacha recheada. Hahahahaha! Sou desses.

No caixa 05, um senhor e um cara mais novo. A princípio, parecem pai e filho. Mas aí começa-se a observar, e questionamentos vêm à cabeça. Os dois depiladíssimos — pelos, pelo jeito, eles não sabem o que são. Brincos nas orelhas, tatuagens… Mas até aí, tudo mais que normal. E nas compras?

Compras, acredito eu, sempre podem revelar a vida íntima das pessoas. Ali tinha iogurte, leite, pães, cerveja, shampoo… e nenhum, nenhum item feminino. Aí me pergunto: Que mulher vê o marido indo ao mercado e não faz uma lista? Ah, acredito sim que eram um casal.

Sem tardar, chega ao caixa o típico recém-casados. Ele empurra o carrinho, é todo atencioso e carinhoso. Nas compras: iogurtes de dois tipos, torradas, pães e congelados. Ali está na cara que ainda não completaram um ano de união. E aí é tudo maravilha, é tudo um só. Eles não existem na sua individualidade — são um em todos os sentidos. Ao mesmo tempo que foi gostoso ter visto, já fiquei com pena dela, pois isso acaba. Hahahahaha! E se acaba. Já-já, quando ela convidar ele a ir domingo ao mercado, ele, jogado no sofá, vai responder: “Ah, vai você, me deixar descansar. Trabalho a semana toda e só tenho folga aos domingos.” Essa sim é a VIDA REAL!

Já estava quase indo embora quando vem aquele senhor no caixa com apenas um frasco de fermento. Esse eu vi a cena: Ela vai para a cozinha fazer um bolo e, na hora do fermento, cadê? Não tem fermento. Ela pede a ele para ir buscar. Ele resmunga, resmunga. Ela dá a desculpa que não pode deixar de bater o bolo. E resmungando, ele vai comprar apenas um fermento.

Eu peço mais um café, e quando a moça vem me servir, me olha bem e diz: “Que bonita a sua aliança.” Eu olhei a minha aliança, olhei para ela e disse: “Obrigado.” Ela complementando: “Igual à minha.”

Ou seja, eu também estava sendo observado. E, aliás, bem observado.
Um conselho: Não deixe de observar a vida dos outros, porque sempre tem alguém observando a sua. (Eu disse OBSERVAR, não falar da vida alheia, como tô fazendo nesse texto.)

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