#NOMEUCONSULTORIO 46 - RESSACA SEXUAL, ISSO EXISTE?

 

 

Certa vez, eu estava em viagem e saí com uma pessoa. Saí não, fui ao encontro dele no hotel onde ele estava hospedado. Ficamos juntos, nos curtimos, e daí ele veio com a seguinte informação:

— Não sou assumido, ninguém sabe de mim, por isso não vou trocar redes sociais nem contato. Isso tem problema pra você?

— De forma alguma — eu disse e fui embora. Afinal, era só sexo por sexo.

No outro dia, ele me chamou no app e disse que queria me ver de novo. Marcamos e fui ao encontro dele. Quando terminamos, ele veio com mais uma informação:

— Sou casado, com mulher, não é um relacionamento aberto. Eu saio com outras mulheres e, às vezes, tenho vontade de sair com homens, e foi o caso aqui. Agora fico um bom tempo sem ter relações com homens, mas quando for a Florianópolis, me procura. Curti você.

E eu ali, pelado, deitado na cama com ele, pós-gozo delicioso, fiquei pensando: Procurar como? Procurar onde? Como é isso de “agora fico um tempão sem ter relações com homem”? Ressaca sexual? Foram estas as informações que ficaram, nada mais, e fiquei pensando: O que seria isso? Como seria isso?

E há quem diga que eu não seja psicólogo. Vocês creditam?
Pois é, nem eu.

Gustavo B. ligou e disse:

— Preciso falar com você. Aconteceu uma coisa que nunca havia acontecido, e estou meio estranho. Nunca me senti assim.

Combinamos e fui ao encontro dele. Ele narrou o seguinte:

— Sem muitos detalhes, acabei em uma piscina com um casal e outro cara. Já tínhamos bebido, e não vou dizer que foi culpa da bebida, mas eu já tinha evitado isso sóbrio. E quando vi, estava eu tirando a cueca e pelado na piscina, nós quatro. Começou aquela pegação, todo mundo com todo mundo, mas só em agarros, amassos, beijos e mão naquilo. Ao mesmo tempo que estava curtindo tudo aquilo, ficava com a cabeça a mil, me questionando. Não que eu seja santo, você sabe, mas nunca estive nessa situação. Não conseguia relaxar e simplesmente aproveitar. Pra você ter uma ideia, nem ereção eu tive, a não ser em um determinado momento em que o cara que não era o casal fez sexo oral em mim. Que bom que funcionou, rsrsrsrsr… Mas estava gostoso, não vou negar.

Mas percebia que o tempo todo estava procurando o cara que não era o casal pra estar com ele. Não sei se a situação era essa porque era tudo novo, ou porque eu estava afim de pegar o outro cara que não era o casal, mas pegar ele sozinho e por completo. Enfim, ficamos lá um tempão e não passou disso, até que fomos embora. Eu cheguei em casa, tomei um banho, deitei e dormi.

No outro dia, meu amigo, eu estava numa RESSACA SEXUAL filha da puta.

E eu na hora:

— PARA! RESSACA SEXUAL? É a segunda vez que ouço isso. Como é isso? O que você sentiu?

— A primeira sensação — disse ele — é que não quero nunca mais fazer sexo.

— Mas você disse que não rolou sexo.

— E não rolou, foi só pegação. A outra sensação é meio que de enjoo, e a pior de todas são os questionamentos do tipo: Onde fui me meter? O que foi aquilo? Eu queria mesmo?

Gustavo B., difícil definir ressaca sexual, mas pelo que você diz, acho bem complicado dar uma opinião sobre as sensações, porque você mesmo disse que estava bom. Agora, quanto às suas perguntas, posso te dar uma opinião sobre o que eu já vivi e pelas experiências que tive.

Dá a impressão que, como você mesmo disse, a sua intenção era pegar o menino solo, e no embalo foram parar os quatro em uma piscina trocando os parceiros. Eu acredito que a bebida nos dá certa coragem de coisas até bobas, mas que sóbrios ponderamos e evitamos, e alcoolizados achamos que… tudo bem. Parece que quando você deu por conta, a situação era irremediável. Eu, se estou em uma situação desconfortável, não tenho ereção nenhuma, assumo. Preciso estar seguro e confiante do que está rolando.

Depois de já estar lá, seria complicado mesmo do nada você sair. Se bem que também acredito que seria sim uma opção. Afinal, se você não estava confortável, foda-se, tivesse saído e fosse embora.

Dizer pra você o que foi aquilo, nem ouso, porque não estava lá pra saber o contexto. E quanto a “se queria”? Acredito, hoje, ouvindo tudo que disse, que talvez no fundo não quisesse, mas foi na onda.

Baseado nessa história do Gustavo B. e no que aconteceu comigo lá atrás, e que ambas as situações me trouxeram as palavras “ressaca sexual”, fico questionando:

O que seria essa ressaca?

  • Arrependimento de algo que não queria fazer, mas o impulso sexual foi maior?
  • Arrependimento pelo acontecimento não estar inserido num contexto, digamos, “normal” da sua vida? (O outro era casado; Gustavo B. não sai em grupos.)
  • Autopunição por, quando estar sóbrio, perceber que aquilo seria uma coisa que não teria feito se não tivesse bebido? Ou, como no meu caso, do cara casado, com muito tesão — sim, porque eu acredito que quando o tesão é algo muito forte, é como uma bebida que nos encoraja a coisas que talvez não faríamos. E não estou dizendo que isso é desculpa para certos atos, não é.

Aqui entre nós (e que ele não me leia), eu conheço Gustavo B., e nesse caso, eu acho que o que deixou ele desconfortável foi ele não ter controle da situação. Ele já saiu com outros casais, héteros e homossexuais, mas como ele era o “brinquedo”, ele tinha controle da situação. Ele comandava, era o ativo na cama e na situação. E de repente, alcoolizado, vulnerável, ele se vê entre três pessoas onde não existe um ativo, onde ninguém manda nada, onde as coisas simplesmente acontecem e você vai seguindo o balanço — da água, nesse caso.

Quando ele ler, vai me dizer que não é isso. Mas é sim.

Agora, o que fazer com RESSACA SEXUAL? Nem sei se tem Engov pra isso. Sugeri que fizesse abstinência de pelo menos uma semana, mas duvido que consiga!

Viu? E dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!

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