Passa o segundo, o minuto, a hora.
Passa o tempo, e ele ainda é tão curto — mas tão curto — que eu te sinto aqui.
Sinto a tua presença, o teu cheiro, vejo a tua sombra.
Sinto o teu andar pesado pela casa.
Chego a virar para te responder: “Bom dia”, que é repetido cinquenta vezes.
Ouço o teu “Tô indo, babe” e viro para te beijar e sentir o teu perfume.
Olho várias vezes ao dia para ver se chegou alguma mensagem tua.
Se vejo a cafeteira ligada, desligo, pois você não gosta que a deixem ligada.
Fico zanzando pela casa, procurando, procurando… mas nem eu sei o que mais procuro.
Sei que você tinha que ir, e também tenho certeza de que não me avisou porque sabe que eu não ia aguentar — que eu faria de tudo para que você não fosse. Sim, eu entendo. Eu aceito. Mas me permita chorar. Me permita sentir essa dor, porque é muito doída. E, olha, por saber tudo o que você já passou, prefiro que eu sinta essa dor a que você a sentisse.
O tempo vai passando, e eu estou seguindo, tentando fazer o que havíamos planejado. Nesse percurso, a ferida vai curar, vai cicatrizar. Mas, mesmo que eu não veja essa cicatriz, vou te sentir todos os dias.
Com o tempo, todos vão voltar às suas rotinas, e a dor vai ser menor — para alguns, até sumir. Eu só peço que essa dor em mim não suma, mas que ela, com toda essa força que está dentro do meu peito, seja transformada em amor. Mais amor do que vivi com você nesse tempo.
Tem dias que são melhores, mas tem dias que dói muito. E vai doer. E faz parte. E se você estiver me vendo, lendo ou ouvindo, saiba que a minha dor é de amor. Sei que você, que era puro amor e luz, precisa seguir e ajudar muitas outras almas, como fez na sua passagem pela Terra.
As mensagens que recebo de pessoas que nem sei quem eram mostram o AMOR que você foi com todos que tiveram a sorte de conviver ou te conhecer.
Quem é luz e amor tem muito trabalho pela frente. Fiz tudo o que a gente fazia aqui, no nosso cantinho paulistano, repeti tudo sozinho — porque acreditei que assim seria mais fácil eu entender. Entender? Não, porque eu já entendo. Mas me acostumar com a tua falta… se é que isso é possível.
Já percebi que estou fazendo algumas coisas por fuga, mas daí eu volto pra realidade. Estou tentando repetir a nossa rotina, seja aqui, em Atibaia ou no MS… agora, sozinho.
Eu ainda falo com você. Você escuta? Isso também tem ajudado. E o apoio das pessoas que te amam tem sido muito acolhedor — embora, sendo bem sincero, alguns eu até duvide que amavam como diziam.
Não sei se vou te escrever mais, mas esta carta chega. Não consigo dizer tudo isso sem estar em prantos. Mas, mesmo em prantos, não esquece o que te pedi: transforma toda essa dor em AMOR. Mais amor.
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