E há quem diga que eu não seja psicólogo, vocês acreditam?
Pois é, nem eu.
Quanto mais o tempo passa, mais entendo o que são amizades: um acontecimento aqui, outro ali, e vou agregando não mais definições, mas atitudes que realmente mostram quem são ou não nossos amigos.
Conheci pessoas no jardim, sim, na minha época não tinha maternal, Jardim I, II, Pré, Ensino Fundamental, Médio, isso ou aquilo, era Jardim, Pré e dali para a primeira série.
Naquela época conheci algumas pessoas, no Pré, mais algumas, quando entrei na primeira série, era o antigo Primário, novas pessoas vieram e assim foi-se até a quarta série; passando da quarta para quinta era uma nova fase, já me achava um adolescente e agora ia estudar de manhã, sim, pois até então, até pela idade, estudava à tarde; da quinta a oitava, sim, era só até oitava e o nome era Ginásio, novas pessoas foram acumulando na minha vida.
Terminando a oitava, passávamos para o Colegial e, no meu caso, fui para o Científico, que tinha o 1, 2, 3 ano, tinha também o magistério e, se não me engano, o Contador, não lembro bem, afinal, fazem muuuuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos, hahahahahahaha… Nesta fase, podíamos estudar à noite e era o máximo: “Eu estudo à noite”, falava.
Muitas destas pessoas que foram se “acumulando” desde o Jardim, nesta época, saíram estudar fora por esse Brasil, e assim o tempo foi passando.
Essa turma toda, a grande maioria hoje, está na casa dos “entas”, com filhos, genros, noras e alguns até netos, inclusive eu; uns casaram, separaram, outros não casaram e nem querem, mas sabe de uma coisa? Continuamos AMIGOS, nem todos.
Quando falo amigos, não digo amigos de facebook, nos autodenominamos Olld Parceiros, temos nossos grupos, nossos encontros e, apesar de não nos falarmos todos os dias e alguns passarmos até anos sem nos ver, sabemos, ou melhor, temos a certeza, de que se qualquer um precisar de algo, temos com quem contar; e a coisa mais importante disso tudo, sabemos que todos aceitamos os outros como eles são, (será?) independente do rumo que a vida de cada um tomou ou com quem esteja.
Por que esta introdução?
Porque “atendi” um amigo, que vamos chamar de Pedro, e em uma conversa informal, perguntei a ele sobre alguns amigos dele que, há um tempo, eu não via e, na verdade, eu pensei que ele tivesse se afastado porque estava em um relacionamento sério e de casamento marcado. Sem ele perceber, a resposta dele foi como uma reclamação emotiva; disse que estas pessoas tinham se afastado, que ele tinha enviado o convite do seu casamento e todos tiveram uma ou outra desculpa, mas ele sabia que era porque eles não aceitam a pessoa que ele havia escolhido; até tentaram conviver, mas foram se afastando.
Ele chegou a insinuar que a culpa era dele.
Imediatamente, mesmo sem ter tanta intimidade assim com ele, disse que não, que a obrigação dos referidos amigos era prezar pela amizade, que quando ela é sincera, a gente passa por cima de tudo e todos para manter.
A pessoa com que Pedro escolheu seguir a sua vida pode ter seus defeitos, suas manhas e ser entojada, mas foi a pessoa que ele escolheu; quem vai dormir e acordar com ela é ele. Agora pergunto: que amizade é essa, de anos, e que se dizia sincera, que não é possível aceitar o outro, a escolha do amigo, como ela é?
Sim, a escolha de Pedro pode ter tudo isso, pode não ser a pessoa mais agradável do mundo, mas é a que está fazendo ele feliz e, em uma amizade sincera, não é isso que interessa?
Ter o seu amigo FELIZ?
Disse a ele, com todas as letras, que estas pessoas eram questionáveis quanto a sua amizade; elas tinham sim o dever de manter esta relação, se é que é verdadeira, que “aturar” uma escolha de um amigo é um grão de areia perto de uma amizade sincera.
Se eu fiz isso? Já sim, aliás, tem um amigo que tem o dedo bem podre e, por mais que a gente avise a ele que a pessoa não presta, ele vai lá e se amarra, casa e nós? Fizemos e fazemos a nossa parte: avisamos, aceitamos e depois somos o ombro, mas a amizade é preservada, seja porque ele escolheu alguém que não presta, ou alguém que é chato, entojado ou seja lá o que for; são as boas e velhas escolhas que cada um tem a liberdade de fazer, e nós, amigos, DE RESPEITAR e apoiar, se preciso. Mas no caso de Pedro, nem é a questão de a pessoa prestar ou não, é apenas o “jeito” dela.
Assisti a um vídeo ontem que falava da importância dos “outros” na nossa vida, do nascimento até a morte, resumindo: Nascemos pelas mãos dos outros e nosso último banho também é dado por outros, ou seja, O QUE SOMOS SEM OS OUTROS? Nada, uns bostas, e nos damos o direito de criticar, menosprezar, humilhar e não valorizar.
Pedro, você escolheu ser feliz, seja com quem for, e quem te quer feliz, vai estar com você onde você estiver, com quem você estiver; AMIGOS verdadeiros não escolhem, respeitam e aceitam.
Pedro casou em um sítio lindo, num fim de tarde ensolarado, seus amigos (aqueles) não foram, se afastaram cada vez mais, e ele segue, feliz, com filhos e amando a chata que o faz feliz, hahahahaha… #tacertoele.
Viu, e dizem ainda por aí que eu não sou psicólogo!