Ouvi um padre dizer assim: “Vamos falar do amor, sim, mas antes vamos falar do encantamento que vem antes do amor.”
Meu, isso caiu como uma luva, sabe por quê?
Porque há algum tempo aboli o sentimento chamado PAIXÃO.
É verdade. As experiências que eu tive quando estava apaixonado foram horríveis, dolorosas, sofridas. Aí, há um tempo atrás, quando sofri PARA CACETE de novo por estar apaixonado, fiz um balanço das minhas paixões desde a adolescência, e foram todas iguais.
Começa com aquela coisa louca, que você não sabe o que fazer, que fica no telefone sem falar nada, igual duas pessoas idiotas. Um silêncio onde se dizem: “Fala alguma coisa…” “Fala você…” ouve-se do outro lado… Aí, depois deste silêncio, um tchau, um beijo e ninguém desliga… “Desliga você.” “Desliga você primeiro…” “Ah, então vamos desligar juntos…” Ah, que isso!
Outro sintoma da paixão é aquela angústia que a gente tem. Passa-se o dia todo grudado, e só o tempo de ir em casa tomar um banho e voltar, e você está como se não visse há um século. Sem contar a cegueira. Credo, como pode! Só quem está à nossa volta pode ver como ficamos cegos e bobos, pior que criança.
Como pode um sentimento deixar a gente assim? Enfim, a meu ver, a palavra é linda, PAIXÃO!!!!
As sensações maravilhosas… Falta só babar. Vive-se rindo, humor ótimo, autoestima em alta, tudo está bom, tudo é maravilhoso. Aí acontece algo, que é o percurso da vida, você leva um PÉ NA BUNDA!!!!
Fudeu. A gente cai na real, e o tombo é feio. E aí sim se vê quem realmente é a D. PAIXÃO: traiçoeira, que cega, que esconde embaixo dos panos as realidades de que a vida tem sim seus espinhos. Aí ela mostra como é doída, como pode machucar, e machuca mesmo, de um jeito que chegamos a pensar que nunca mais vamos nos recuperar. Aliás, tem gente que se mata por paixão.
Consigo vê-la com um largo sorriso no rosto, debochado, cínico.
Bom, desta cobra peçonhenta eu quero acreditar que estou livre.
Depois desta última experiência, falei para mim mesmo que nunca mais ia me apaixonar. Claro que não foi fácil, que ainda sofri com outros relacionamentos, mas hoje posso dizer que estou quase curado. E digo isso baseado num novo relacionamento onde a PAIXÃO, a cobra, não está presente. Está sim presente um sentimento calmo, tranquilo, gostoso. Talvez seja o tão dito ENCANTAMENTO POR ALGUÉM.
Sente-se a falta, sim, mas é gostoso. Não há aquela loucura de saber onde está, quando vai ver, de ficar no telefone em silêncio, de não desligar. É uma coisa mansa.
Se sente saudade, liga, fala e desliga. Acho que consegui fazer como os indianos diziam na novela: que o amor tem que ser igual a uma panela de água. Você enche a panela, coloca no fogão e acende, e aos poucos a água vai esquentando.
É, agora estou assim, esquentando… hahahahahahaah…
Ah, e me encantando! hahahahahaha…