De partículas microscópicas saímos.
Somos gerados e nascemos,
crescemos e nos firmamos.
E então, depois de entrar nessa luta diária que é a vida,
vamos nos construindo aos poucos,
com vários tombos.
Tombos que nos ensinam,
que nos amadurecem:
uns mais cedo, outros mais tarde,
mas acabamos aprendendo.
Nesse caminho entre derrotas e vitórias,
entre sorrisos e choros,
entre alegrias e tristezas,
entre o bem e o mal,
vamos construindo nossa história.
E todos nós sempre lutamos
para que ela seja marcada por coisas boas.
Corremos atrás da tão sonhada felicidade —
e não é fácil alcançá-la.
Às vezes, precisamos lutar contra nós mesmos
e até ferir algumas pessoas.
Não as ferimos por mal,
mas acabamos ferindo,
porque não é fácil para nenhum de nós
aceitar os outros como são.
Quando vencemos algumas dessas batalhas
— que lá na frente contarão para o ganho da guerra —,
traçamos muitos planos.
Nesses planos, estão incluídas pessoas que amamos,
pessoas com quem gostamos de estar sempre juntos
ou sempre que possível.
Esse é o nosso combustível:
o sonhar… sonhar… sonhar…
Mas… tudo isso pode ser interrompido.
E tudo que foi planejado
é apagado como se faz em uma lousa de escola.
E aí fica aquele vazio…
Não para quem vai,
mas para quem fica.
Um vazio gelado,
de perder o chão,
de chorar…
de deixar as pessoas tristes,
pois sabemos que nunca mais veremos aquela pessoa.
E de se perguntar:
“Mas e agora? E os planos dele? E os sonhos dele?”
Não é nada fácil saber
que nosso combustível pode ser cortado a qualquer hora,
sem aviso,
sem volta,
sem negociações.
É de se pensar…
Pensar muito em tudo que estamos fazendo e planejando,
em como estamos traçando nossos sonhos,
em até onde eles podem ir.
Mas também:
se pensarmos muito nesses sonhos
e colocarmos muita razão e nem tanto sentimento neles,
será que esse combustível, assim alterado,
ainda pode nos abastecer?
Será possível viver sem sonhar?
Sem aquele sonho meloso,
cheio de sentimentos bons,
de pessoas que amamos?
A grande realidade é cruel.
Muito cruel.
Temos, sim, que sonhar com todo esse “conto de fadas”,
mas temos que levar junto a realidade —
a de que esse sonho pode ser só seu,
e não de quem está nele…
Ou, ainda pior:
mesmo antes de você saber
se esse sonho é compartilhado por outros,
ele pode ser interrompido
de maneira brusca e cruel.
O que estará guardado para cada um de nós?
Será que chegaremos ao fim dos nossos sonhos?
Seremos felizes?
Ou viveremos sempre nessa angústia
de realização?
Sonhem…
Sonhem sempre…
Mas também tenham certeza
de que isso pode ser apenas
um sonho.